O Crédito do Trabalhador: O Novo Empréstimo Consignado
O governo Lula e seus aliados parecem ver um cenário promissor na popularização do “Crédito do Trabalhador”, uma nova modalidade de empréstimo consignado que tem causado alvoroço no país.

Apresentado como uma solução para a população endividada, o crédito oferece taxas mais baixas que as convencionais. Porém, o que parece ser um alívio pode, na prática, se transformar em mais uma armadilha para os brasileiros. Ao tomar o empréstimo, o trabalhador compromete até 35% de seu salário, além de dar uma garantia extra de até 10% do saldo de seu FGTS, que é utilizado como uma espécie de “colateral”. O objetivo de reduzir a pressão dos juros altíssimos acaba escondendo o preço alto que o trabalhador terá que pagar ao longo do tempo.
Com mais de 70% da população brasileira endividada, muitos veem essa oferta como uma saída para seus problemas financeiros. No entanto, a matemática por trás do crédito é, no mínimo, questionável. A solução vendida pelo governo pode parecer atraente, mas ao trocar um empréstimo com 100% de juros anuais por outro com “apenas” 40%, o trabalhador acaba endividado por mais tempo, mantendo-se preso ao ciclo de juros que limita suas chances de recuperação financeira. Embora a proposta seja vendida como uma conquista social, ela na verdade pode ser vista como uma versão mais suave, mas ainda assim opressiva, da velha prática de endividar os mais pobres.
Além disso, há uma ironia cruel na utilização do FGTS como garantia, uma espécie de “poupança forçada” que muitos brasileiros ainda acreditam ser um abrigo seguro para o futuro. O governo, ao incentivar o uso desse fundo para garantir a quitação das dívidas, está colocando em risco a principal reserva financeira dos trabalhadores, que, em tese, deveria ser um amparo para a aposentadoria. Em vez de oferecer uma solução real para os endividados, a medida parece ser mais uma forma de engessar o futuro financeiro dos brasileiros, deixando-os à mercê de um sistema que se alimenta da precariedade econômica do trabalhador.