Preço dos alimentos ofusca aumento da renda no Brasil e trava poder de compra
Mesmo com o aumento da renda média e do salário mínimo, o preço elevado dos alimentos segue limitando a recuperação do poder de compra dos brasileiros.

Um estudo do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA, mostra que um salário mínimo, que antes da pandemia comprava em média 2,07 cestas básicas em São Paulo, caiu para 1,51 em abril de 2022 e, apesar de uma leve recuperação, chegou a apenas 1,7 em novembro de 2024. A projeção é de que essa relação permaneça estagnada até 2026, evidenciando que, mesmo com crescimento econômico e queda do desemprego, os brasileiros ainda sentem o impacto da alta dos preços ao fazerem compras no supermercado. O cenário gera preocupação política, já que a inflação dos alimentos afeta diretamente a percepção da população sobre a economia e a aprovação do governo.
Fatores climáticos, a desvalorização do real e a alta do dólar são apontados como os principais responsáveis pela persistente inflação dos alimentos. A crise sanitária, a Guerra na Ucrânia e a recente alta dos combustíveis, como o diesel, também contribuíram para elevar os custos de produção e transporte. Apesar de uma safra recorde esperada para 2025, produtos essenciais como carnes e café devem seguir pesando no bolso das famílias. Especialistas alertam que não há espaço para medidas imediatas que revertam o cenário, mas destacam que um maior compromisso com a estabilidade fiscal e políticas de mitigação de impactos climáticos poderiam ajudar a conter a alta dos preços a longo prazo.
O levantamento também comparou a relação entre o rendimento médio do trabalho e o custo da cesta básica, revelando uma trajetória semelhante. Antes da pandemia, a renda média comprava 4,82 cestas básicas, mas caiu para 3,35 em 2022 e, apesar da recuperação parcial, fechou 2024 em 4,06, com previsão de estagnação nos próximos anos. A combinação de crescimento econômico com a inflação persistente na alimentação gera um paradoxo: a população vê os números da economia melhorando, mas sente no dia a dia que seu poder de consumo ainda não se recuperou totalmente.