Cirurgia de separação das gêmeas siamesas Kiraz e Aruna mobiliza 60 profissionais e emociona equipe em Goiânia

Comandado pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil, o procedimento envolveu especialistas em diversas áreas, como ortopedia, aparelho digestivo, sistema vascular, urologia e anestesia. Entre os integrantes da equipe, estava o cirurgião plástico Rogério Hamu, filho de Calil, que teve papel fundamental no fechamento abdominal das meninas e na utilização de pele expandida, incluindo tecidos retirados da terceira perna das siamesas, que precisou ser sacrificada durante a operação.

As irmãs, classificadas como siamesas esquiópagas triplas — por compartilharem múltiplos órgãos, além de apresentarem três pernas — passaram por meses de preparação antes do procedimento, incluindo a instalação de expansores de pele com silicone para facilitar a reconstrução dos corpos. Após a separação do fígado, a equipe utilizou os tecidos adicionais para formar estruturas individuais para cada bebê, que agora seguem em recuperação. De acordo com Calil, as gêmeas, de um ano e seis meses, nasceram no interior de São Paulo e estavam isoladas no hospital desde o dia 7, aguardando o momento da cirurgia. A complexidade da operação exigiu tecnologia de ponta, como o bisturi de argônio — que corta e coagula com alta precisão — e equipamentos que filtram e reintroduzem o sangue perdido durante o procedimento, reduzindo os riscos de complicações.

Zacharias Calil fez questão de destacar que toda a cirurgia foi realizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com estrutura comparável à de grandes centros hospitalares internacionais. “Lá nos Estados Unidos, disseram que algo assim custaria cerca de R$ 2,5 milhões, sem contar o tempo de UTI. Aqui, fizemos tudo sem custo para a família”, afirmou o médico, emocionado com o êxito do procedimento e o envolvimento de seu filho na operação.