Instituto Onça-Pintada é multado em 450 mil reais após a morte de animais
O Ibama registrou mortes de macacos, onças-pintadas, tamanduás, lobos, cervos e pássaros nos últimos seis anos

O Instituto Onça-Pintada (IOP) foi multado em R$ 452 mil pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) após o órgão verificar as mortes de 72 animais por supostas negligências e maus-tratos na sede da entidade, em Mineiros, no sudoeste de Goiás. O instituto também foi proibido de receber animais silvestres e expor indevidamente a vida dos animais na internet.
O Ibama registrou mortes de macacos, onças-pintadas, tamanduás, lobos, cervos e pássaros nos últimos seis anos. O IOP alegou que as mortes foram por picadas de serpentes, ataques de outros animais, envenenamento e até infestação de pulgas.
O IOP disse ainda que ficou surpreso com a multa aplicada por um fiscal do Ibama que nunca esteve presencialmente nas instalações. "Sempre adotamos todas as medidas necessárias para a segurança dos animais. Inclusive recebemos animais do Ibama para recuperação e tratamento", argumenta o instituto.
O documento de multas e embargos aplicados pelo Ibama, em junho deste ano, foi obtido com exclusividade pelo portal Metrópoles.
De acordo com o Ibama, os registros de mortes superaram em 3 vezes a quantidade de nascimentos. Os cálculos feitos pelo instituto mostram que o IOP tem atualmente 109 animais sob guarda. Ou seja, considerando-se os anos avaliados, no total, o criadouro perdeu cerca de 70% de seu plantel que foi reposto com recebimento de animais, já que a reprodução no mesmo período resumiu-se a 37 animais.
"Portanto, de forma indubitável, seja por negligência ou imperícia, a condução de procedimentos adotados no Instituto Onça-Pintada resultou na morte de, ao menos, 72 animais de 2017 a 2021", diz o laudo do Ibama.
O Ibama solicitou ainda que o IOP explique as mortes de vários animais silvestres ameaçados de extinção, entre eles, a de um macaco por ataque de abelhas, um tucano-de bico-verde que morreu sem causa aparente, uma arara vermelha que foi encontrada morta com sinais de briga com outros animais e de um cervo do pantanal.
Registros de mortes por ano por suposta negligência:
2021: 4 animais
2020: 35 animais;
2019: 2 animais;
2018: 5 animais
2017: 26 animais.
Destes, 52 mortes foram de espécies ameaçadas de extinção e 20 de espécies não ameaçadas.
O Ibama não registrou mortes em 2022.
Para a categoria de criadouro conservacionista, na qual o IOP tem autorização, é vedada a exposição de animais. No entanto, o Ibama diz que o instituto utiliza a internet como via de exposição, onde demonstram animais silvestres sendo tratados como animais de estimação, juntam animais de espécies diferentes (presas com predadores) e, também, espécies silvestres com espécies domésticas.
"Finalmente, é inadequado a interação com os animais como se eles fossem os bichos de estimação da família e sua exposição na internet o que não se alinha com a função de um criadouro conservacionista e, não se encontra previsto ou autorizado nas atribuições da atividade, ao contrário, é vedada na resolução Conama nº 489/18", diz o documento do Ibama.
G1