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Brasil enfrenta recorde de inadimplência em meio a juros altos e inflação persistente

O Brasil atingiu, em abril de 2025, o maior patamar de inadimplência de sua história: 76,6 milhões de brasileiros estão com contas atrasadas há mais de 90 dias, o que representa 47,1% da população em idade ativa.

A gravidade do dado, divulgado pela Serasa, reflete não apenas o cenário macroeconômico desafiador, com juros elevados e inflação resistente, mas também a crescente dificuldade de famílias e empresas em manterem suas obrigações financeiras em dia. As dívidas, que somam R$ 457,4 bilhões, estão concentradas principalmente em bancos e cartões de crédito (28,1%), além de serviços básicos como água, luz e gás (20,1%).


A crise não se restringe apenas ao número de inadimplentes. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) revelou que 77,6% das famílias brasileiras relataram ter dívidas a vencer em abril, completando o terceiro mês consecutivo de alta e alcançando o maior índice desde agosto do ano passado. O que mais preocupa os economistas é que, além do crescimento da inadimplência, o tempo médio de atraso tem se alongado, evidenciando a perda de capacidade de pagamento. Em abril, 12,4% das famílias afirmaram que não têm condições de quitar suas dívidas vencidas, um avanço em relação aos meses anteriores e um sinal de alerta para o aprofundamento da crise financeira nos lares brasileiros.


O impacto é ainda mais severo entre as famílias de baixa renda, que lideram o avanço tanto do endividamento quanto da inadimplência. O cartão de crédito continua sendo a principal porta de entrada para as dívidas, seguido pelo empréstimo pessoal, que tem crescido como alternativa para cobrir gastos essenciais. Em estados como Amapá, Distrito Federal e Rio de Janeiro, mais da metade da população em idade ativa está inadimplente, revelando desigualdades regionais que agravam o quadro nacional. Diante desse cenário, especialistas alertam para a urgência de medidas estruturais que reduzam o custo do crédito e ampliem o acesso a programas de renegociação, a fim de evitar que a inadimplência comprometa ainda mais a recuperação econômica do país.