Aluna da USP condenada por desviar R$ 1 milhão da formatura consegue registro de médica
Alicia Dudy Muller Veiga, de 26 anos, condenada por desviar cerca de R$ 927 mil da formatura de sua turma de medicina da USP, conseguiu o registro profissional e já consta como ativa no Conselho Federal de Medicina (CFM).

O registro foi efetuado em 26 de dezembro de 2024, mas não especifica sua especialidade ou área de atuação. A ex-aluna, que ficou conhecida como “a golpista da USP”, foi sentenciada a cinco anos de reclusão em regime semiaberto após ser denunciada pelo Ministério Público por estelionato. Mesmo com a condenação, sua inscrição como médica foi aprovada, levantando questionamentos sobre os critérios de concessão do registro profissional.
Durante as investigações, ficou comprovado que Alicia se aproveitou do cargo de presidente da comissão de formatura para desviar os valores pagos pelos colegas, convencendo a empresa responsável pela organização do evento a transferir os recursos para sua conta pessoal. O dinheiro foi utilizado para a compra de celulares, relógios, aluguel de veículos, hospedagens e investimentos financeiros. Quando os alunos começaram a cobrar esclarecimentos, ela alegou ter retirado os valores por insatisfação com os serviços prestados pela empresa, mas a justificativa não convenceu as autoridades. A fraude gerou revolta entre os colegas, que só descobriram o golpe próximo à data da festa.
A sentença de julho de 2023 destacou que Alicia abusou da confiança de seus colegas para obter vantagem financeira às custas dos esforços coletivos da turma. O juiz Paulo Eduardo Balbone Costa classificou a conduta como de “maior gravidade do que um estelionato comum”, por ter sido aplicada contra pessoas que confiavam nela. Além da pena de reclusão, Alicia foi condenada a pagar indenização às vítimas. No entanto, a obtenção de seu registro como médica reacendeu o debate sobre as implicações éticas para o exercício da profissão, considerando que a condenação criminal não impediu sua habilitação profissional.